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Você está em casa, com tudo fechado, coberta ou com ventilador ligado… mas ainda assim sente frio ou calor em excesso? Esse desconforto térmico é mais comum do que parece — e não significa, necessariamente, que há algo de errado com o clima ou com o seu corpo.
Pessoas neurodivergentes ou sensíveis aos estímulos ambientais costumam ter mais dificuldade para se adaptar à temperatura dos ambientes, mesmo quando os aparelhos estão ajustados corretamente. Essa sensação de sentir frio ou calor em casa com frequência pode estar ligada a diversos fatores sensoriais, físicos e até arquitetônicos.
Neste artigo, você vai entender o que pode estar por trás desse desconforto e como criar ambientes com conforto térmico real, pensado para o seu corpo, seu ritmo e sua sensibilidade.
Sentir frio ou calor em casa: não é só sobre clima
Muitas vezes, o desconforto térmico dentro de casa não tem a ver com o clima externo ou a temperatura do ar-condicionado, mas sim com o modo como o seu corpo interpreta esses estímulos.
Isso acontece especialmente em pessoas com:
- Transtorno do Espectro Autista (TEA)
- Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
- Alta sensibilidade sensorial
- Dificuldade de regulação térmica
Segundo a Autistica.org.uk, muitas pessoas autistas têm hipersensibilidade ao calor ou ao frio e descrevem ambientes neutros como “insuportáveis” fisicamente.
Fatores que contribuem para o desconforto térmico
A seguir, veja os principais motivos que fazem você sentir frio ou calor em casa com frequência — mesmo quando tudo parece estar normal.
1. Materiais que absorvem ou refletem temperatura
Pisos frios, janelas de vidro sem proteção, tecidos sintéticos e móveis de couro aquecem ou gelam demais o ambiente. Isso interfere diretamente na sensação térmica.
2. Má circulação de ar
Ambientes sem ventilação cruzada tendem a reter calor ou umidade, tornando o ar parado e desconfortável — mesmo com ventilador ou ar-condicionado ligados.
3. Iluminação artificial
Lâmpadas halógenas ou quentes aumentam a temperatura ambiente de forma sutil, mas perceptível. Isso causa a sensação de abafamento, especialmente em espaços pequenos.
4. Termorregulação sensorial alterada
Algumas pessoas têm o sistema nervoso mais reativo, o que faz com que o corpo sinta mais frio ou mais calor do que realmente está no ambiente.
5. Roupas e tecidos inadequados
Tecidos sintéticos, roupas apertadas ou cobertores muito pesados desequilibram a percepção térmica e aumentam a sensação de desconforto ao longo do dia.
Sinais de que o ambiente está te afetando
Se você:
- Troca de roupa muitas vezes ao dia
- Sente necessidade constante de ajustar ventilador ou coberta
- Tem dores de cabeça ou fadiga em determinados cômodos
- Sente desconforto físico em ambientes “normalmente agradáveis”
…é sinal de que seu espaço não está regulado termicamente para suas necessidades sensoriais. E a boa notícia é: dá para ajustar isso.
Como melhorar o conforto térmico sem reformas
Você não precisa fazer grandes mudanças na casa para deixar os ambientes mais equilibrados. Veja algumas ações práticas:
Adapte os tecidos que tocam sua pele
Prefira lençóis de algodão, mantas leves e roupas respiráveis. Evite tecidos sintéticos, peles artificiais e superfícies que aquecem ou gelam rápido.
Use camadas térmicas
Ao invés de uma coberta grossa, use duas ou três mais leves. Assim, você pode ajustar conforme sua percepção térmica muda ao longo do dia.
Controle a iluminação
Luzes frias (como LED 6500K) ajudam em dias quentes. Já as mais quentes (2700K) geram sensação de aconchego, mas aumentam o calor. Escolha a luz conforme o clima e o horário.
Tenha equipamentos auxiliares
Ventiladores portáteis, aquecedores pequenos, umidificadores e cortinas térmicas ajudam a criar microambientes de conforto, sob seu controle.
Regule a ventilação natural
Abrir janelas em posições opostas da casa (ventilação cruzada) ajuda a renovar o ar e equilibrar a temperatura naturalmente, sem ruído ou excesso de vento.
Conclusão
Se você sente frio ou calor em casa com frequência, isso pode estar diretamente relacionado ao modo como seu corpo interage com o ambiente — especialmente se você tem alta sensibilidade sensorial.
O conforto térmico real vai além da temperatura do ar. Ele envolve texturas, iluminação, ventilação e materiais. Por isso, é essencial criar um espaço adaptado às suas sensações e ritmos, com atenção à sua neurodiversidade.